SEM CENSURAS
É bom lembrar aqui algumas composições feitas na período da ditadura militar, entre elas : COMENDO AMERICANO, que tem o espírito antropofágico mapinguarista de nossa arte, que pode ser percebido na concepção melódica, usamos o ritmo do rock'n roll preenchido com uma letra que contesta toda uma equivocada situação politica que viviamos:
A SITUAÇÃO TÁ RUIM, TÁ RUIM
A GENTE TÁ É ENTRANDO PELO CANO
A GENTE TEM É QUE COMER AMERICANO
AMERICANO COM COCA-COLA
ENCHE A BARRIGA ENQUANTO O PAU TORA
E SOBE O PREÇO DA COMIDA TODA HORA
AMERICANO BEM RECHEADO
MEU AMIGO VAI BEM OBRIGADO
ENQUANTO O POVO TÁ DESEPERADO
PASSANDO FOME, FAZENDO GREVE
POIS MONEY, MONEY NÃO HAVE
AMERICANO BEM GENUÍNO
ENCHE A BARRIGA ENQUANTO PAU TÁ TININDO
E O POVÃO VAI SEGURANDO ESSE PEPINO
PASSANDO FOME FAZENDO GREVE
POIS MONEY, MONEY NÃO HAVE
AMERICANO NOW, NOW,NOW.
OBS: na época a gente encerrava está música, com as palavras de ordem panfletária; FMI, FORA DAQUI! E que na década de 90, quando a gente tocava ela, acrescentava o; F.H.C. VÁ SE F... E no ano 2000 usamos o O.M.C. (Organização Mundial do Comércio)Va se fu....
Está é uma das varias musicas do grupo que na época foram vetada pela censura, ainda tentamos argumentar com os censores, que o Americano ao qual estavamos nos referíndo, era o sanduíche vendido em quiosque, bastante popular em nossa cidade. Mas no fundo a estratégia era seguinte: Joga a culpa do estado de pouca vergonha política do nosso pais, nos norte americanos, amenizando a incompetência do governo militar, e sacaneando os americanos a gente achava que eles poderiam vir até aqui brigar com os nossos militares (coisas do romantismo ideologico juvenil). Claro que a música não ia passar na censura. Afinal os americanos estavam por trás de tudo que acontecia por aqui.
Uma outra música terminantemente proibido de ser executada em público foi A REVOLTA DOS URUBUS, a idéia surgiu numa roda de cachaça no terreiro lá de casa, com uma cara chamado Marinho Amâncio da Fonseca ( O pesão) que faleceu na década de 80, beira do Rio Acre, possivelmente suicidou-se depois de ingeri uma garrafa de aguardente. Ele inspirou o mote da letra que ficou assim:
A TERRA BEIJANDO OS DEFUNTOS
UM BEIJO GELADO
UM BEIJO PROFUNDO
ESTÃO SUGANDO O SANGUE
QUE CORRE EM TUAS VEIAS
E NÃO ESPERNEIA
A AINDA EXISTE MISTÉRIOS
NINGUEM SABE PORQUE !
OS URUBUS INVADINDO NECROTÉRIOS
E DEVORANDO ALGUNS DEFUNTOS VELHOS
E AINDA SOBREVOAM O CEMITÉRIO
E NÃO ENCONTRANDO NADA PRA COMER
MATAM PESSOAS E ESPERAM APRODECER
COISA DO DIABO
COISA DO ALÉM
COISA DO INFERNO
COISA IGUAL NÃO TEM
URU, URUBUS, HEY! ,HEY! É.
Essa nós argumentamos com os censores, que não tinha nada a ver com o extermínio de pessoas (que era prática do policiamento ideológico militar), a letra era uma paródia de um filme chamado OS PASSÁROS( THE BIRDS) de ALFRED HITCHCOCK . Eles não engoliram.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
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