O QUE ESCREVEM O JÁ ESCREVERAM SOBRE O GRUPO CAPÚ, E QUANDO FOR POSSIVEL COMENTARIOS SOBRE ESSAS MATÉRIAS, DESFAZER OS EQUIVOCO E DISTORÇÕES QUE NORMALMENTE ACONTECEM QUANDO SE TRATA DE FALA SOBRE O GRUPO. AS MATÉRIAS AQUI EXPOSTAS SAIRAM NO SITE DO COLETIVO CATRAIA DE 31 DE MARÇO DE 2008. E EM SEGUIDA PUBLICO MEUS COMENTÁRIOS FEITOS NA REFERIDA POSTAGEM.
Difícil Tarefa de Ser Você Mesmo
por Jeronymo Artur e Janu Schwab
Clenilson Batista é o homem a frente do que restou do Grupo Capú - ao menos era, ali na hora da apresentação feita no último sábado, no Balanço da Catraia. Lendário, como sua banda é, Clenilson tem um raciocínio aguçado, típico de quem não apenas segue na vida, mas que interage com ela. Clenilson é do tempo em que ser autêntico era pecado, além de ser muito, muito cansativo. Por isso ele - e as músicas do Capú - fala uma língua própria, que para muitos é estrangeira, mesmo sendo o bom e velho português temperado com o regionalismo das terras acreanas.
Nos tempos que antecederam o Capú, ser estrangeiro era a moda da vez. Era, é, será? Mas na época toneladas de tudo começavam a ser despejadas por aqui. O iéiéié já era mais do Tio Sam do que da família Windsor. O rádio tocava em inglês, Fábio Júnior (ele mesmo) aparecia com pseudônimo gringo e todo mundo queria tomar o lugar de Yoko Ono e ser o quinto Beatle. Pelas bandas do Acre, o Capú foi o eco antropofágico do Tropicalismo que durou alguns anos na cultura tupiniquim. Era assim: juntava-se todo o estrangeirismo, mexia-se misturando com ingredientes regionais e fazia-se a nova música brasileira. Foi assim com os Mutantes, Tom Zé, Caetano, Gil e - por que não? - com o grupo Capú.
Havia nos integrantes do Capú e em outros tantos poucos (tantos porque valiam como muitos, poucos porque eram poucos de fato) um anseio de ser eles mesmos, tão ou mais brasileiros do que outros brasileiros, em fazer daquilo que viviam aquilo que viriam a cantar, tocar e dançar. Pioneiro, o Capú tentou abrir a fórceps a possibilidade da música autoral, quando o que imperava era o isolamento não só geográfico, como o cultural. Segundo Jorge Anzol, baterista do Los Porongas, em artigo no jornal Página 20 ( edição do dia 21 de maio de 2003), naquela época "puristas de plantão não admitiam a linguagem do rock na pseudomúsica acreana". Eram tempos difíceis.
Na marra e na raça, o Capú abriu o caminho para si e para novos artistas. O próprio Anzol é um deles. Quem ouve hoje, torce o nariz e acha retrógrado o papo estranho nos versos e percebe mais a métrica que desfalece, as rimas que se perdem e as notas que são simples. E ignoram a mensagem e o anseio de ser autêntico. E essas coisas estão lá, na métrica, nas rimas e notas simples. Com o Capú não se tratava - nem se trata - de querer aparecer. Mas de precisar aparecer. Mostrar não só o que se é capaz de fazer, mas o que se pensa. Ao Capú e seus - nem tão remotos - tempos de luta pelo autoral, o Catraia reserva um lugar de honra, conquistado palavra por palavra por Clenilson Batista (e pelo Grupo Capú) em sua pequena - mas importante - entrevista:
Catraia - Clenilson, como é fazer parte de uma das bandas precursoras da música autoral no Acre e tocar essa música para uma nova geração?
Clenilson - A coisa mais interessante que tem é que fazer isso na época do surgimento da banda era algo muito díficil, porque a galera só queria que tocasse banda norte-americana, as músicas que estivessem tocando na rádio. A gente tocava nossas próprias músicas e por isso éramos meio que considerados marginalizados. A galera não gostava, queria que a gente saísse do palco. Mas a gente insistia, falando pra eles que tem que falar nossa língua, nossas coisas, cantar o que a gente faz.
Catraia - Então o que impulsionou vocês a continuar fazendo música nesse período tão difícil?
Clenilson - É exatamente o lance do "ideal", você saber que está fazendo a coisa certa. Se você quer crescer e chegar a algum canto, tem que mostrar você. Quando você canta Beatles, Rolling Stones, quem aparece são eles e não você. A gente tem que fazer a nossa própria música. É por ideal mesmo, é você acreditar que pode fazer aquilo, mesmo o sistema sendo bruto e o processo lento.
Catraia - E o que você acha dessa ação do Coletivo Catraia em impulsionar as bandas a fazer música autoral?
Clenilson - Um dos integrantes do Catraia me disse que um dos critérios para se apresentar aqui é ter no mínimo três músicas autorais, e eu achei perfeito. Quer dizer, essa é a época que era pra gente aparecer. Na nossa época, apesar de estarmos fazendo a coisa certa, eu falava: só vão entender a gente daqui cinquenta anos. E não demorou tudo isso. De repente aparece o pessoal do Catraia com essa atitude que é a atitude correta: incentivar o pessoal a criar, não ficar sendo só marionete. Tem que partir pra cima disso sim, e continuar com o projeto, porque tem futuro. Daqui, quem for bom, sai. É como uma peneira, se o cara tiver talento, ele consegue. Ficar tocando cover é muito fácil, agora compor e fazer com que as pessoas gostem é outra história.
CRÍTICA
A "Extrovertência" do Grupo Capú
por Santiago Queiroz
Vindos do interior da transcendente Amazônica Ocidental, de um tempo em que tudo era mais difícil, a banda Capú (ou o que restou dela) apresentou o melhor (ou o pior) da fusão conexa (ou confusão desconexa) da música nativa urbana acreana, quiçá brasileira. É um rock'n'roll filosófico sem sentido que faz muito sentido. Clenilson Batista e suas composições de outros-tempos-de-hoje, nos leva à uma viagem de idas e voltas num mundo criado por cima do real e do imaginário. Musicalmente falando, show demais! Performaticamente falando, show demais! Ali, se você não entendeu nada, você entendeu o show da Capú. Escraxo vertendo ao nada e ao tudo, numa "extrovertência". Regionalismo pouco é bobagem. Interprete como quiser, escute se puder. A Capú é um mistura da seiva da seringueira com as fatias dos muitos acordes musicais americanos pós-guerra que o mundo passou a receber. Com as músicas do Capú, você pensa, reflete e viaja. Simplesmente viaja até um ponto onde o que mais vale é o meio e não o fim. Ah! Yankees, go home!
EM 2 de Abril de 2008 Clenilson Batista disse...
Achei legal entrar nesse blog para dá alguns toque quanto a minha apresentação no coletivo catraia no ultimo sabado dia 29.
- Primeiro- Antes de começar a minha apresentação eu fiz questão de anunciar que ia cantar algumas musicas do capú, que é bom frisar são todas de minha autoria em parceria com meu mano Clevisson.
E disse também que para fazer isso eu estava juntando dois momento da nossa musica. Um momento que é o decada de 80 representado por mim, e o atual representado pelo Bala(baterista)Ricardinho (contra-baixo)Fred Margarido (teclado)Jôssam (guitarrista)que batizamos como OS LENDÁRIOS NATIVOS, e foi com esse nome que nos apresentamos, pois pretendo desenvolver um trabalho experimental musical com essa rapaziada, paralelo ao trabalho do Capú.
- Segundo: Enquanto Clenilson e Clevisson estiverem disposto a subir num palco para fazer som, o grupo Capú continua.
O que aconteceu no coletivo catraia não foi uma apresentação do que restou do grupo Capú ou resquicio do Capú. \o que aconteceu foi eu tocando algumas das mais de 80 musicas de nosso repertório autoral.
Portanto está faltando um pouco mais de informação na beira do rio.
- Teceiro: O papo que mais se aproximou das muitas facetas musicais do grupo Capú foi a viagem literária postada com o titulo: "extronertência" vertendo.
- Quarto: Se alguem tiver curiosidade de entrar um pouco mais no universo intelectual que acompanha o grupo e conhecer um pouco mais algumas das veredas capúreanas, leia o meu blog www.olendario.blogspot.com
Entre outras coisas, lá você vai encontrar um papo diferenciado que envolve o trabalho do capú e os trabalhos musicais que pretendo desenvolver com "os lendarios nativos". Entre eles o musical popular "Lenda Pop Festa". se caso o papo for gramatical leia "camalionismo" se for religião leia "Dos analogismo evacuativos divinos" e "Genésico" entre outros.Lá tem noticias do show que fizemos em novembro do ano passado no teatro Hélio Melo.
E pra não me alongar quero deixar claro que não sou contra "couver" nem alface, nem cheiro verde. Quem sabe fazer faz.
Obs. pelo comentário deu pra vê que a Talita Oliveira entendeu o que aconteceu na madrugada de domingo no catraia.
*Dona Chica soa tribal legal.
*Nicles tem atitude, gostei!
Em 4 de abril 2008 Clenilson Batista disse...
Me pediram pra fazer uma nova visita a este blog, pra ver uns novo comentário e explicar porque algumas pessoas acham que o Capú parou ou que ele não existe mais.
Uma das coisa responsavel por essa visão equivocada, é um pseudo-video documentário sobre o grupo que ainda teimam em exibir por ai, e que está sob judice, e portanto não pode ser exibido. Existe outras bobagens sobre a nossa história que não vem ao caso oculpa o precioso espaço desse mar de vidro misturado com fogo com eles. Tamos ai!
Mais uma vez quero agradecer o Saulinho pelo convite. Valeu!
E aproveitar para também agradecer e incentivar os comentários de:
- Gisellex, pela postura nacionalista regional. É bem Capú!
- Yuri Oliveira por me lembrar que eu também tenho o lado teorico apocaliptico Lendacreano, parte dele consta no meu livro "Seringal Astral" lançado em 1999.
- Talita Oliveira pelo toque certo, na hora certa.
- Kaline Rossi Previlégio foi descobri que existem pessoas como você, navegando nesse movimento.
- Jorge Santorini, Você também faz parte dessa Lenda, e obrigado pelas palavras.
- Buerão e do planeta ouriço, da constelação castanha.
É isso ai! Vem ai mais um final de semana, e coletivo catraia continua e grupo Capú também, cada um na sua praia. E como é de costume, gosto de mandar uns toque, e aproveito a oportunidade pra deixar mais um bem Capúreano:
“...Antes dOS PREVISÍVEIS ATAQUES, DO EXÉRCITO DOS HISTÉRICOS GUARDIÕES DAS nossas “LEIS” GRAMATICAIS DITAS OFICIAIS, quero avisar que ADOTo A LINHA ANTI-INTELECTUAL ANARQUISTA benefica comunitária, OU SEJA, SE VOCÊ ENTENDEU a mensagem; entendeu O QUE ESCREVi, ESTÁ PERFEITO! O RESTO, É RESTO."
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